PESCARIA NO RIO TELES PIRES É DIVERSÃO E ESPORTIVIDADE EM QUALQUER ÉPOCA DO ANO.

Tem vontade de encarar feras do tipo jaús, piraíbas, tucunarés, tambaquis? Quer saber onde pescar muitos deles no rio Teles Pires? Então vem conosco que mostraremos para você onde vários pescadores esportivos já estão realizando esse sonho.

Rio Teles Pires, região da Amazônia mato-grossense, divisa com o Pará - Foto: Teles Pires Lodge

RIO TELES PIRES, ONDE NASCE E ONDE DESÁGUA

Muitos apaixonados por pesca já ouviram falar ou já pescaram pelo menos uma vez neste espetacular rio que nasce nas regiões de Nova Brasilândia e Primavera do Leste, no leste da capital, Cuiabá.

Conhecido originalmente como rio Paranatinga, o nome adquirido depois foi em homenagem ao capitão Antônio Lourenço Telles Pires, que, em 1890 pereceu junto com grande parte de sua expedição numa tentativa de explorar o até então desconhecido baixo curso do rio. Este rio percorre até a fronteira do nosso estado com o Pará e Amazonas, onde se encontra com outro rio importantíssimo para nós mato-grossenses que é o rio Juruena, formando assim o esplendoroso rio Tapajós.

De lá para cá, o rio Teles Pires percorre mais de mil quilômetros, compondo a beleza singular do cerrado e do amazônico, dois dos três biomas presentes no estado.

É a partir desse cenário amazônico que convidamos você, caro pescador, a embarcar conosco nesta jornada. Vamos apresentar a Amazônia mato-grossense através do rio Teles Pires, guiando-o até os troféus mais cobiçados pelos pescadores esportivos do Brasil..

O RIO TELES PIRES DA AMAZÔNIA MATO-GROSSENSE

Bioma do cerrado mato-grossense - Foto: ICV

À medida que avançamos em direção ao norte do Estado, a paisagem, que até certo ponto é composta por áreas planas recobertas pelo cerrado, começa a se misturar com manchas de floresta. Essa transição ocorre de maneira harmônica e perceptível, especialmente ao longo do rio Teles Pires, até que as grandes florestas passam a predominar, revelando a nossa Amazônia.

Essa transição acontece na parte central do estado, região de forte atividade do agronegócio, onde estão localizados importantes municípios produtores de grãos, como Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop. Esses municípios também dependem do rio Teles Pires para sua sobrevivência, exploração turística e, nos últimos anos, para o aproveitamento hídrico, dada a crescente demanda por energia no país. A região norte tem se consolidado na construção de grandes usinas hidrelétricas, como a Usina de Sinop, que possui capacidade suficiente para abastecer mais de 1,5 milhões de brasileiros.

Usina Hidrelétrica de Sinop, região do agronegócio - Rio Teles Pires - Foto: site UHE Sinop

E assim o rio Teles Pires continua seu percurso, atravessando outros tantos municípios no extremo norte até chegar à divisa com o estado do Pará, passando pelos municípios mato-grossenses de Paranaíta e Apiacás e o município paraense de Jacareacanga.

Corredeira Sete Quedas - rio Teles Pires

É nesse trecho, considerado o mais belo do nortão, que até 2014 existia o fabuloso Sete Quedas, um extenso corredor de cachoeiras e corredeiras que, por anos, foi palco de emocionantes batalhas com selvagens bagres do rio Teles Pires, guardando recordações inesquecíveis para muitos pescadores esportivos de todo o Brasil.

Cachoeira Sete Quedas que deu lugar à Usina Hidrelétrica Teles Pires - Foto: Grupo Mantega de Pesca Esportiva

Se antes suas margens abrigavam grandes formações rochosas e o rio era caracterizado por fortes corredeiras, hoje esse cenário deu lugar à usina hidrelétrica Teles Pires, uma das maiores do país, com capacidade de produzir cerca de 1.820 MW, distribuídos em 6 turbinas.

Usina Teles Pires, localizada na divisa entre os estados de Mato Grosso e Pará, área do antigo Sete Quedas

Além do impacto visual causado pela construção, que resultou na formação de um lago de mais de 65 km de comprimento, a fauna aquática também foi severamente afetada. Espécies de peixes como piaus, cascudos e pacús, que dependiam de ambientes de forte correnteza e fundo rochoso, tiveram suas populações drasticamente reduzidas.

Na porção baixa do rio Teles Pires, até a foz do rio Apiacás, cerca de 40 km, encontra-se outra usina, a de São Manoel.

Trecho do rio onde boa parte foi represado devido ao barramento.

Com potência menor, cerca de 700 megawatts, a usina também causou impactos significativos na região, devido ao represamento formado pela barragem, que se estende até as proximidades da UHE Teles Pires, como mostra a imagem acima.

Usina São Manoel - Próximo ao rio Apaicás

Tratando-se de um trecho que abriga duas usinas hidrelétricas, muitos impactos na fauna local são inevitáveis, afetando a sobrevivência de várias espécies. No entanto, o rio Teles Pires ainda se destaca pelo seu estoque abundante de peixes esportivos, o que continua a atrair um grande número de turistas para a região.

A jusante, o rio segue seu percurso em direção ao município de Apiacás, na região de divisa. Em vários trechos, o rio é marcado por corredeiras e, em outros, torna-se mais largo e vagaroso, formando lagos e grandes praias. O rio Teles Pires integra-se a uma paisagem ainda selvagem da densa floresta amazônica, sendo o habitat de diversas espécies de peixes esportivos.

E você, já teve a oportunidade de pescar nas famosas corredeiras do Sete Quedas, no rio Teles Pires? Comente abaixo como foi essa experiência! Estamos curiosos para saber sobre os desafios, emoções e troféus que você conquistou nesse local icônico.

Leia também:

Parte 02 - Rio Teles Pires, dos briguentos de escamas aos gigantes de couro.

Parte 03 - Onde pescar no rio Teles Pires?

DOS BRIGUENTOS DE ESCAMAS AOS GIGANTES DE COURO

Se você deseja viver uma experiência completa de pesca, o lugar é o rio Teles Pires.

No tópico anterior, conhecemos um pouco da história do rio e seu trajeto até a região de Apiacás, na divisa com o Pará, onde habitam diversas espécies de peixes esportivos.

Confira neste tópico:

Parte 01 - Rio Teles Pires, onde nasce e onde deságua

Esse trecho de divisa se tornou, nos últimos 20 anos, um dos principais destinos para pescadores esportivos, consagrando-se como um verdadeiro paraíso da pesca. O sucesso não é apenas pela diversidade das espécies, mas também pela abundância e o grande porte dos peixes.

Devido a essa crescente demanda, várias pousadas surgiram para oferecer serviços especializados em pesca esportiva, consolidando o pesque e solte como um atrativo turístico de destaque.

Pousadas como Thaymaçu, São Benedito, Mantega e Portal da Amazônia, foram pioneiras e tiveram um papel fundamental na construção da cultura empreendedora local, algo que também se reflete no atendimento profissional.

Tucunaré amarelo - rio Teles Pires

O rio Teles Pires e seus afluentes é considerado um dos melhores rios do mundo para a prática da pesca esportiva, e não é por acaso. Pesquisas indicam que o estoque de peixes esportivos nesse trecho de divisa, incluindo seus afluentes, soma mais de 15 espécies. Entre elas, podemos destacar o tambaqui, cachorra, matrinxã, trairão e, claro, o tucunaré, que é um dos principais responsáveis por atrair turistas de pesca para a região.

OS BRIGUENTOS DE ESCAMAS

O tucunaré pinima é muito comum na região

Encontrado a montante da corredeira do Rasteira, em lagos ou lagoas próximas, o tucunaré é um peixe explosivo. Ele ataca a isca com muita força, e, assim que é fisgado, proporciona brigas intensas com os pescadores.

Tambaqui fisgado no rio Teles Pires

Outra espécie que chama bastante atenção é o tambaqui. Conhecido por sua mordida poderosa, ele se alimenta de cascas de frutas e sementes duras, o que lhe dá força nas mandíbulas. O tambaqui prefere ficar próximo às vegetações frutíferas, onde se alimenta por longos períodos.

Na região, ele costuma ser fisgado entre março e abril, sendo registros fora desse período raros, mas não impossíveis.

Peixe Cachorra, muito fisgado nesta região

AA cachorra é uma espécie que habita áreas de água rápida, como corredeiras ou margens profundas do rio Teles Pires, tornando possível fisgá-la em qualquer época do ano. Embora não seja resistente a brigas longas, seus ataques são repletos de emoção.

Matrinxã capturado em afluente do rio Teles Pires

Já o matrinxã é encontrado próximo às margens do rio Santa Rosa, um afluente do Teles Pires. Sua temporada vai de março a abril, durante a cheia, quando esse peixe tem acesso a uma variedade de alimentos de origem animal e vegetal. Rápido e arisco, o matrinxã tende a se debater muito fora d’água, facilitando sua identificação.

O Fly fishing é uma modalidade que vem sendo introduzida na região

Além da tradicional pesca de arremesso, muito praticada pelos turistas, essas espécies briguentas também despertam grande interesse na modalidade de Fly Fishing, ou pesca com mosca.

O Fly Fishing é uma técnica que utiliza iscas artificiais, arremessadas apenas com o auxílio da linha, que "dança" no ar e carrega a isca. Essa modalidade exige equipamentos específicos, como varas, carretilhas e linhas mais espessas e pesadas do que as convencionais.

Quer aprender mais sobre o Fly Fishing? No site da Flypesca você encontrará um conteúdo de ouro sobre essa técnica.

A MORADA DOS GIGANTES DE COURO

Jaú fisgado no rio Teles Pires

O título fala por si só e foi criado pelos próprios turistas, impressionados com o grande porte dos peixes encontrados nesta região, como o Jaú. Considerado um dos maiores bagres da América do Sul, o Jaú possui um valor esportivo elevado, proporcionando combates que tiram o fôlego até dos pescadores mais experientes.

Jaú fisgado em junho de 2023 - rio Teles Pires

Para enfrentar monstros como esses, o período mais recomendado é de novembro até março, antes da estiagem, quando o rio está acima da caixa. O site do Teles Pires Lodge, por exemplo, mantém um registro atualizado das pescarias, com fotos, datas, turmas e, além disso, informações detalhadas sobre o desempenho das pescarias por espécie.

Fiz um levantamento das capturas de jaús em 2023 e os números foram impressionantes: mais de 2.500 jaús foram fisgados. Só no mês de junho, foram registrados 512 bagres.

Isso é ainda mais surpreendente quando levamos em conta o período da cheia, propício para a pesca de peixes de couro.

Jaú fisgado em junho de 2024 no rio Teles Pires

Cada pousada tem sua maneira de mostrar o potencial da pesca na região, mas o Teles Pires Lodge tem mantido essa prática de registro há mais de 20 anos. Interessante, não é? Vale a pena conferir por você mesmo no site do Teles Pires Lodge. E vale lembrar: todas as espécies são capturadas e soltas, mantendo o equilíbrio do ecossistema.

Piraíba, o tubarão do rio Teles Pires

Outro gigante de couro que figura entre os troféus mais desejados pelos pescadores é o Piraíba, também conhecido como filhote. Essa espécie pode chegar a impressionantes 3 metros de comprimento, sendo considerada a maior de sua categoria, competindo diretamente com o Jaú.

O Piraíba é um peixe de profundidade, habitando saídas de corredeiras, poços e remansos no rio Teles Pires.

Piraíba fisgado no rio Teles Pires

Forte e resistente, ele não se entrega facilmente, proporcionando uma batalha intensa e demorada, que pode durar minutos ou até horas, devido à sua força e disposição.

De acordo com um levantamento realizado pelo SEBRAE em conjunto com a Usina São Manoel em 2015, a pesca de Piraíbas de porte similar aos capturados no rio Teles Pires só é registrada em outro grande rio, o Araguaia, no estado de Goiás.

A temporada de pesca do Piraíba neste trecho do rio vai de janeiro a julho, embora as chances de capturá-lo nos meses de outubro e novembro também sejam consideráveis.

Outro peixe nativo do rio Teles Pires é o Caparari, da família dos peixes-gato. Com uma cabeça chata e moderadamente estreita, ele pode ser confundido com o Cachara, especialmente por pescadores menos experientes. A melhor época para capturar o Caparari vai de novembro até abril, quando ele é mais ativo.

Embora o rio Teles Pires e seus afluentes sejam extremamente piscosos durante todo o ano, esses exemplos mostram não só a diversidade das espécies, mas também que é possível obter bons resultados em qualquer época. Isso nos leva ao próximo ponto, que merece um esclarecimento mais detalhado.

A PIRACEMA EM MATO GROSSO?

É importante destacar que o período de piracema nos rios de Mato Grosso ocorre de outubro à fevereiro, conforme decisão do Conselho Estadual de Pesca (CEPESCA) para 2023

No entanto, nos rios que fazem divisa com outros estados, a Lei nº 9.074 de dezembro de 2008, em seu artigo 2º, permite a prática do pesque e solte durante todo o ano. Isso se aplica também ao rio Teles Pires, em seu trecho de divisa com o Pará, onde várias pousadas oferecem essa modalidade de pesca.

Já teve a sorte de fisgar um dos 'briguentos de escamas' ou um 'gigante de couro' no rio Teles Pires? Comente abaixo qual foi a sua captura mais memorável e como foi a batalha para tirá-lo da água!

ENTÃO, BORA PESCAR?

No próximo tópico dou dicas importantes de como chegar e onde hospedar:

Parte 03 - Como chegar na região